29/12/09

A Volta Ao Mundo Em 80 Passos


Era uma vez um rapaz.
Certo dia esse rapaz decidiu andar o mais que conseguisse de uma só vez, ele estava convencido de que se não parasse conseguiria dar a volta ao mundo.
Pelos cálculos do rapaz a viagem iria ser longa por isso meteu duas sandes na mochila.
O nome do rapaz era Volt, diminutivo para Virgílio Oliveira de Lima Teixeira.
Era Verão, a manhã estava linda, Volt achou que estava na hora de partir.
Depois de andar escassos metros, Volt encontrou o seu amigo Gurb (também é um diminutivo).

Volt explicou ao amigo a razão pela qual não queria parar de andar, Gurb achou tão interessante a ideia que resolveu acompanhar Volt.
Após andarem milhares de milímetros, algumas dúvidas começaram a aparecer na cabeça de Volt.
VOLT: Gurb, achas mesmo que vamos conseguir dar a volta ao mundo?
GURB: Sei lá, nunca fui até ao fim do mundo.
VOLT: Fim do mundo?!
GURB: Claro, se queremos dar a volta ao mundo primeiro temos de ir até ao fim dele... depois voltámos.
VOLT: Acho que tens razão, nunca tinha pensado nisso assim. Como será que é o fim do mundo?
GURB: Deve ser um sítio sem nada, assim como o deserto mas sem a areia.
VOLT: Olha que não sei, uma vez o meu pai disse-me pra eu nunca me casar porque isso iria ser o fim do mundo pra mim.
GURB: Então se for assim, toda a gente que casou já conhece o fim do mundo.
VOLT: Acho que sim... olha, vai ali a D.Vasm, ela é casada com o homem do talho prai há uns 100 anos, se alguém conhece o fim do mundo tem de ser ela, vamos lá.

Volt e Gurb aproximaram-se da D.Vasm, uma linda mulher de 45 anos de idade, porém essa exacta mulher vista através dos olhos das duas crianças transformava-se numa velha e cansada mulher.
GURB: Olá D.Vasm, a senhora quer que nós a ajudemos a levar essas sacas?
D.VASM: Não é preciso rapazes, a minha casa é já ali, mas obrigado.
VOLT: D.Vasm...
D.VASM: Sim?
VOLT: Como é o fim do mundo?
D.VASM: O fim do mundo?!
VOLT: Sim, a senhora não é casada?
D.VASM: Sou, mas o que é que isso tem a ver com o fim do mundo?
GURB: É que o pai do Volt disse-lhe que as pessoas que estão casadas sabem como é o fim do mundo... e nós os dois queríamos ir até lá...
D.VASM: Querem ir até ao fim do mundo?!
GURB: Sim, mas depois voltámos.
D.VASM: Que grande confusão que por aí vai... casar não é o fim do mundo.
VOLT: Não?!
D.VASM: Claro que não, quando casamos apenas temos de fazer alguns sacrifícios, como não fazer aquilo que realmente gostamos... e temos mais... muitas mais responsabilidades e obrigações...
VOLT: Bolas, isso a mim parece-me mesmo o fim do mundo.
D.Vasm despediu-se dos rapazes e entrou em casa.
GURB: Támos tramados! Como é que vamos dar a volta ao mundo se não sabemos onde é o fim dele?

VOLT: Tenho uma ideia, já sei quem é que nos pode ajudar.
GURB: Quem?
VOLT: O Padre Zorb. Vamos ter com ele à igreja.
Os dois companheiros de viagem partiram na direcção da igreja na esperança de encontrarem uma resposta.
Gurb começava a demonstrar algum cansaço, tanto físico como psicológico, o miúdo não estava habituado a fazer tanto esforço de uma só vez.
As duas sandes que Volt trazia na mochila foram ferozmente devoradas pelos miúdos, afinal eles mereciam, já tinham conseguido andar uns 60 passos.
Volt e Gurb entraram na igreja, o Padre Zorb estava lá dentro ajoelhado a rezar.
VOLT: Olá, Padre Zorb.
P.ZORB: Olá meninos… porque é que vocês não param de andar à minha volta… é algum jogo?
GURB: Padre Zorb, precisamos da sua ajuda.
P.ZORB: Em que é que vos posso ajudar… querem confessar os vossos pecaditos, é?
VOLT: Não, é coisa séria. Precisamos que o Padre Zorb nos diga onde é que fica o fim do mundo.
P.ZORB: Louvado seja o Senhor!
GURB: É muito longe daqui?
VOLT: O Padre Zorb deve saber onde é que ele fica, nos seus sermões está sempre a falar nele… diga, é perto da escola?
GURB: É ao lado da casa do chato do Marlk?
VOLT: Já lá esteve?
O pobre do Padre Zorb ficou tão atordoado, quer pelas perguntas quer por os dois rapazes andarem sempre à sua volta, que acabou por desmaiar.

Assustados, Volt e Gurb saíram rapidamente da igreja e foram procurar alguém que pudesse ajudar o inconsciente Padre Zorb.
A primeira pessoa que os miúdos viram foi uma prostituta que andava a passear na rua, consta que na altura os rapazes ainda não sabiam exactamente o que uma prostituta tem de fazer para ganhar dinheiro.
GURB: Senhora… senhora…
PROSTITUTA: O que foi pequeno?
GURB: Precisamos da sua ajuda…
PROSTITUTA: Vocês não acham que são novos demais para terem ajudas minhas?
VOLT: A ajuda não é pra nós, é pró Padre Zorb.
PROSTITUTA: Um padre precisa dos meus serviços? Não era a primeira vez mas é sempre de uma pessoa ficar admira…
VOLT: É urgente senhora, ele está estendido no meio da igreja.
PROSTITUTA: Na igreja?! Isso é novo para mim, mas um cliente é um cliente… obrigado rapazes, eu vou dar uma ajudinha ao vosso amigo… xau.
GURB: Porque é que ela disse que o Padre Zorb era um cliente?!
VOLT: Sei lá, coisas de adultos… olha pr’ali, tas a ver o mesmo que eu?

GURB: Acho que sim.
Os dois rapazes nem queriam acreditar naquilo que estavam a ver.
Diante deles, a olhar perdidamente de um lado para o outro enquanto caminhava apressadamente, estava nem mais nem menos que o Presidente do Clube de Futebol do Porto, o mítico Costa e Pinto.
Volt e Gurb já tinham ouvido histórias fantásticas sobre ele por isso aproximaram-se cheios de emoção.
VOLT: Olá… o senhor não é o Presidente Costa e Pinto?
PRESIDENTE: É berdade, sou eu.
GURB: Uau! Podia-nos dar o seu autógrafo?
PRESIDENTE: Poder, podia mas não o bou fazer, tou muito ocupado… ando à procura do fim do mundo.
GURB: Que grande coincidência Presidente, nós também… mas pra que é que o senhor anda à procura dele?
PRESIDENTE: Bocês prometem que não dizem nada a ninguém?
VOLT: Claro que não, somos crianças, a nossa especialidade é guardar segredos.
PRESIDENTE: Bou confiar em bocês… bom, prestem atenção, eu ando à procura do fim do mundo porque…

Por motivos que se prendem com questões legais, nunca se soube ao certo porque é que o Presidente Costa e Pinto andava à procura do fim do mundo, isso é ainda hoje um mistério.
Volt e Gurb começavam a ficar realmente cansados e acima de tudo com fome… muita fome.
Desgraçadamente os cálculos que Volt tinha feito saíram furados, afinal as duas sandes que ele tinha previsto serem suficientes para dar a volta ao mundo, tinham-se revelado escassas.
Felizmente naquele tempo a comida macrobiótica ainda não tinha sido inventada e na rua, à frente dos miúdos, caminhava um alegre vendedor de cachorros quentes.

À medida que os dois infantes se aproximavam do vendedor de cachorros quentes, um enorme sorriso de satisfação começou a surgir no rosto de cada um deles, o sorriso não era porque os miúdos iriam comer qualquer coisa, mas porque finalmente e após terem percorrido uma boa dezena de metros sem parar, eles tinham encontrado o tão ambicionado fim do mundo.

Perante aquilo que estava escrito no carrinho (“CACHORROS-QUENTES DO FIM DO MUNDO”), eles não tiveram dúvidas que o objectivo daquela expedição tinha sido alcançado.
Quem diria que o fim do mundo poderia estar dentro de um carrinho de cachorros quentes?
Volt e Gurb cheios de um orgulho plenamente justificado deram triunfalmente uma volta ao carrinho e foram felizes para casa.

O mais difícil para os dois amigos, até mais que encontrar o próprio fim do mundo, foi convencer as famílias e amigos de que eles tinham realmente conseguido dar a volta ao mundo em 80 passos (os 80 passos foram calculados pelo Volt, logo, grande probabilidade de erro).

16/12/09

A Pior História de Natal do Mundo


Há muito, muito tempo… mas mesmo muito tempo atrás… tipo, a semana passada, aconteceu-me uma coisa que para sempre modificou o rumo da minha vida.
Na verdade, não aconteceu nada a semana passada, pelo menos nada que “para sempre modificasse o rumo da minha vida”, mas achei que era uma boa maneira de começar esta história de Natal… sim, isto é uma história de Natal.

Era Dezembro, aproximava-se a altura das compras, eu, corajosamente, decidi pedir uns dias de férias lá do trabalho.
Após algum tempo de negociações, este foi o acordo a que eu cheguei: do dia 17 ao dia 22 de Dezembro, eu não iria trabalhar… na realidade, esse período de tempo foi alargado para “tempo indefinido”, ou seja, fui despedido.

AVISO: Cuidado com a forma como pedem férias. Não o façam se nesse dia estiverem embriagados.

Sem trabalho, tive muito tempo para planear a ida às compras, só me faltava arranjar o dinheiro.
Saí à rua, olhei para cima, e pedi um sinal ao senhor… um sinal de “STOP” caiu-me na cabeça. Eu, educadamente, agradeci ao tipo que estava em cima de um camião, a descarregar sinais de trânsito.
Com uma valente enxaqueca, fui até à farmácia mais próxima, que por acaso ficava a 12 Km de distância.
Cheguei lá e já não me doía a cabeça, agora doía-me o corpo todo, andar a pé é uma merda.
A farmacêutica receitou-me uns maravilhosos comprimidos, que tomei imediatamente. Foi então que vi um elefante azul a levitar em cima de um tapete indiano… juro.
Fosse o que fosse, eu estava curado, ou pelo menos assim o pensava.
Mal saí da farmácia notei algo diferente em mim, eu… eu tinha uma enorme barba, estava velho, gordo… e que raio de fato vermelho era aquele?!

Sim, eu sou o Pai Natal e esta é, provavelmente, a pior história de Natal do Mundo.

15/12/09

Feliz Natal!

(Esta apresentação foi inspirada por uma história que escrevi, chamada "A Mais Pequena História de Natal do Mundo")

14/12/09

O Presente


“Ouve…
Tu és a minha melhor lembrança, o meu presente mais desejado… o único presente que realmente desejei.
És a minha esperança, a razão deste meu sorriso… tu és a minha luz, a minha estrela pessoal.
Se eu não te tivesse… olha, se eu não te tivesse, seria como o Mundo sem Natal… entendes, filho?”

(Texto elaborado como resposta ao desafio “E se não houvesse Natal?” – a @isv13 do Twitter também participa, http://oladocultodamarciana.blogspot.com/2009/12/o-livro-branco.html )

11/12/09

Era Uma Vez Uma Música


Era uma vez uma música... na verdade, ela ainda nem sequer era uma música propriamente dita, era mais uma melodia, uma pequena e simples melodia, que ansiava por crescer rapidamente, para ver, ou melhor, ouvir, naquilo em que se iria transformar quando crescesse.


Naquele tempo, só ainda existiam dois ou três tipos de música conhecidos; havia o Jazz, o Rock e a música Sacra.
A jovem melodia rezava todos os dias, para não se transformar em música Sacra (doce ironia).



Certo dia, quando a melodia ia a sair da escola de música, deu de caras com uma cena nova para ela; ela viu uma Clave de Sol, agarrada aos beijos, a um Dó Menor.
A pequena melodia, timidamente escondeu-se atrás de uma Pauta Musical, e ficou a ouvir, em silêncio, o que as Notas Musicais diziam.

Instintivamente, e sem se conseguir controlar, a pequena melodia começou a tocar uma espécie nova de música... o som era cada vez mais alto.
Pouco depois, centenas de Notas Musicais, começaram a surgir do nada, todas correram para ouvir aquele novo estilo de música.


E foi assim, sem tirar nem pôr, que nasceu a música Romântica.

09/12/09

Enfim...


O mais normal, típico, clássico, usado e pouco original era começar esta história com um: "Era uma vez, há muito, muito tempo...", porém, esta história não vai, nem pode começar dessa forma pela simples e lógica razão que ela se passa numa altura em que as palavras ainda não tinham sido inventadas.
Quem reinava nesse tempo eram os sinais gramaticais, ou melhor, alguns sinais gramaticais, nomeadamente aqueles que no futuro iriam ser independentes das palavras, por isso e para facilitar (ou não) o enredo os próximos sinais gramaticais "independentes" que surgirem na narrativa não devem ser entendidos como sinais mas como "coisas" que outrora dominaram o Mundo.

Tudo começou quando o ! e a , um jovem casal de pontos tiveram 3 lindos filhos os ...
Apesar de à primeira vista os 3 irmãos parecerem iguais eles tinham uma particularidade que os distinguia o . era azul o . era verde e o . era vermelho
O . azul talvez por ter sido o primeiro a nascer era visto como uma espécie de líder pelos irmãos para onde quer que ele fosse os .. seguiam-no fielmente
Por ainda não existirem palavras escritas os ... viviam felizes e descontraidamente eles gostavam particularmente de ficar a ouvir durante horas a fio as aventuras contadas pelo avô ? normalmente ele contava episódios da vida de quando era ainda um jovem e possante ! os ... deliravam com as façanhas do avô ?
Durante a fase sempre difícil e problemática da adolescência os ... tiveram como amigos um engraçado : e uma jovem e cada vez mais sensual ;
Apesar de não querer admitir o . vermelho sempre teve uma paixão secreta pela ; ele corava imenso sempre que estava ao pé dela no entanto ; simpatizava mais com o . verde

O tempo foi passando e quem acabou por casar com a ; foi o : o resultado dessa união foi o nascimento daquele que seguramente iria ser o mais arrogante de todos os pontos gramaticais o .
Tal como gigantesca nuvem provocada por um incêndio o reinado dos sinais gramaticais "independentes" estava a ficar muito negro a razão disso foi o aparecimento das primeiras palavras elas começaram a surgir do nada e ao principio andavam soltas parecendo inocentes mas depois descobriram que poderiam ter mais importância se elas se juntassem umas às outras e foi assim que nasceram as primeiras frases
As frases já não satisfeitas por serem apenas uma junção de palavras começaram a ficar gananciosas

Elas começaram a caçar literalmente todos os sinais gramaticais e depois domesticavam-nos
Os ... assustados com a fúria das frases fugiram para o mais longe que conseguiram
As frases tornaram-se cada vez mais fortes e acabaram por dominar o Mundo
Não houve resistência possível os ? passaram a ser usados em frases quando se queria perguntar alguma coisa e os ! foram usados para dar ênfase a determinadas frases
Muito pior sorte tiveram as , elas foram as que mais sofreram nas mãos das frases as pobres , foram abusadas e eram obrigadas a ficar no meio de palavras sem sentido
O destino dos : e ; também não foi fácil no entanto muito anos mais tarde eles viriam a servir para uma coisa bem agradável a possibilidade de se fazerem bonecos nas redes sociais da Internet.

O . tal como esperado tornou-se autoritário e snob tanto que não permitia que mais nada fosse escrito a seguir a ele

Passaram-se muitos anos até que finalmente os ... resolveram sair do esconderijo o tempo tinha tornado os outrora ... coloridos em ... monocromáticos
O Mundo estava tão diferente desde a última vez que os ... o tinham visto que eles sentiram-se deslocados e excluídos parecia que eles não faziam falta a ninguém nenhuma frase ou palavra queria ter os ... por perto
Eles foram até gozados pelos antigos amigos de infância o : e a ;
Os ... pareciam condenados ao esquecimento até que um dia uma palavra os decidiu ajudar essa palavra era o "enfim" ela achou que "enfim..." soava melhor e usou os ... pela primeira vez
Não tardou a que muitas outras palavras e frases começassem a usar os ... ainda não se sabe ao certo o porquê do uso dos ... porque no fundo eles não servem para nada mas isso não é importante o que é importante é que os ... ficam bem em qualquer lugar ...

07/12/09

Era Uma Vez Um Poema


Era uma vez um poema,
Daqueles que rimam no fim,
E isto sem qualquer esquema,
Pois um poema é mesmo assim.

Nasceu em Março,
Era um poema muito dado,
Gostava de um bom abraço,
E de ouvir Fado.

Porém,
Um quadro negro o amor lhe pintou,
E nunca conheceu nenhuma fadista,
Em vez disso uma rapariga ele namorou,
Que em Boxe era especialista.

Coitado,
Apanhou tamanha pancadaria,
Que certa noite deixou até de rimar,
“Que se lixe” – disse ele já na escadaria,
“Vou-me pirar!”.

A história desta Poema foi assim,
De bonito nada tem,
E agora que chegou ao fim,
Resta-me escrever “adeus, passem bem.”

30/11/09

Porque cai a chuva do céu

Não muita gente sabe disto…
Uma das tarefas de um Anjo da Guarda, é encontrar a “cara-metade” do seu protegido.
Os Anjos fazem tudo que está ao seu alcance, para que isso aconteça…
Mas até um Anjo, só pode fazer as coisas, até um determinado grau.

Assim,
Sempre que duas almas gémeas, encaminhadas pelos respectivos Anjos, se cruzam, mas não reparam uma na outra, os Anjos choram…

É por isso que a chuva cai do céu.

(Texto elaborado como resposta ao desafio: Porque cai a chuva do céu?)

25/11/09

O Vento


Margarida pegou delicadamente no frasco do seu perfume predilecto e deixou cair duas gotas dele numa folha de papel onde acabara de escrever um poema de amor destinado ao... destino.
A extrema timidez e insegurança fizeram dela uma mulher sentimentalmente só, “resta-me sonhar” – costumava dizer ela às suas amigas, já quase todas casadas e com filhos.
Seguindo um ritual que criara há algumas semanas, Margarida atirou a folha perfumada pela janela do seu quarto ficando depois a olhar para ela até a perder de vista.
Secretamente Margarida tem a esperança que o vento se encarregue de levar aquelas palavras de amor até ao seu príncipe encantado.

Não muito distante dali, Miguel olhou uma vez mais para a fria carta de despedimento depois direccionou toda a sombria tristeza para a forte corrente do rio que passava por baixo daquela velha e abandonada ponte.
No momento em que Miguel ia a desistir de tudo, um capricho do vento ou do destino, fez com que a folha escrita por Margarida fosse ter aos seus pés.
O doce aroma emanado daquele pequeno papel levou a que Miguel pegasse nele.

As palavras doces e repletas de encantamento derramadas por Margarida naquele pedaço de esperança tocaram profundamente o Miguel.
O jovem homem virou costas ao terrivel propósito que o tinha arrastado até àquele inóspito local e agarrando-se à folha como se de uma bóia de salvamento se tratasse, jurou que iria tentar encontrar o autor ou autora daqueles versos pois foram eles que lhe salvaram a vida.

Miguel apostou na sorte, talvez se caminhasse contra a força do vento encontrasse alguma espécie de pista, pensou ele.
Irónico, o mesmo vento que lhe trouxe a esperança tornou-se naquele momento num obstáculo.
A busca de Miguel resultou infrutífera, contudo ele não estava disposto a ceder facilmente, nos dias que se seguiram ele retornou à velha ponte esperando que o vento voltasse a trazer nas suas marés novos pedaços de ilusão.

Numa dessas ocasiões, Miguel avistou uma criança a brincar com um barco de papel junto à margem do rio.
Os pais da criança, sentados na relva, estavam a conversar distraidamente quando o barco se afastou, o miúdo ao tentar agarrá-lo desequilibrou-se e caiu ao rio.
Vendo aquilo, Miguel lançou-se imediatamente à água e salvou o rapaz que entretanto agarrara o barco.
O pai da criança agradeceu ao Miguel aquele gesto e deu-lhe um cartão dizendo para caso o Miguel precisasse de alguma coisa para o procurar.
Quando Miguel se despediu do miúdo, este sorriu e deu-lhe o barco de papel.
Já sozinho, Miguel começou a olhar com curiosidade para o tosco barco e notou que nele tinham sido escritas palavras, palavras que lhe pareciam familiares, apesar de o papel estar molhado Miguel não teve dúvidas, aquele era mais um dos poemas de Margarida, seria aquilo um sinal?

Inesperadamente uma sorrateira rajada de vento roubou-lhe o papel das mãos, Miguel correu atrás da pequena folha, nessa altura ele cruzou-se com uma pessoa... uma mulher, o perfume dela fez com que Miguel parasse de correr, aquele cheiro era-lhe familiar.
Durante alguns instantes ele ficou na dúvida entre tentar conversar com aquela mulher que caminhava cabisbaixa ou continuar a seguir o poema... Miguel optou pela segunda hipótese.

O tempo, curador de males e insensível na mesma dose foi passando... decorreu uma semana desde aquele episódio.
Durante esses dias Miguel não encontrou uma palavra que fosse de Margarida.
Ele achou que estava na hora de seguir em frente com a vida, encheu os pulmões de coragem e marcou uma reunião com o Dr. Aguiar, pai do miúdo que ele tinha salvo de se afogar, um emprego era agora o objectivo de Miguel.

Na reunião, o Dr. Aguiar disse que Miguel estava com sorte uma vez que tinha surgido recentemente uma inesperada vaga para trabalhar na empresa, Miguel ficou encantado com a notícia.
Amavelmente o Dr. Aguiar levou o Miguel a conhecer o escritório disponível, assim que lá entrou Miguel sentiu no ar uma fragrância conhecida, a mesma emanada das folhas escritas por Margarida, intrigado Miguel perguntou o que tinha acontecido à pessoa que trabalhava ali.
O Dr. Aguiar “fechou a cara” e com uma voz pesarosa contou que essa pessoa tinha tido um final trágico, ela suicidou-se atirando-se de uma ponte, precisamente no dia e no local onde o Dr. Aguiar e o Miguel se tinham conhecido.

Uma lança afiada pareceu trespassar o coração de Miguel naquele momento, ele ficou pálido e teve de se sentar.
A sua memória foi iluminada como que por relâmpagos de imagens difusas da mulher que ele tinha visto a dirigir-se para a ponte naquele dia.
Alarmado com o estado de Miguel, o Dr. Aguiar foi apressadamente buscar um copo com água para o acalmar.
Miguel não esperou... movido por uma inesperada e incontrolável força levantou-se, saiu daquele lugar a correr e só parou em cima da velha ponte.
A vida tem coisas curiosas, o mesmo local pode significar o começo ou o fim, a esperança ou a desistência.
Miguel ergueu o olhar para o céu, talvez tentando encontrar alguém a quem deitar as culpas, sorriu ironicamente e depois pegou na folha de papel com o último poema de Margarida que havia encontrado.

Farto de sonhar, ele tentou atirar a folha ao rio mas o vento não o permitiu, uma estranha corrente de ar elevou-a e fez com ela fosse “bailando” suavemente até perto de uma mulher que estava sentada debaixo de uma árvore a observar o Miguel.
A mulher pegou na folha e leu o poema, Miguel viu depois essa mulher a aproximar-se dele com a folha na mão.
Em cima da ponte e parecendo que o vento os estava a unir, a mulher timidamente apresentou-se, o nome dela era… Margarida, a autora daquele poema.

24/11/09

Traído...


Traído pela tinta da caneta,
O pensamento ficou preso em mim.
Traído pela tinta da caneta,
Porque raio chegaste agora ao fim?
.
Genial,
Esse pensamento poderia ser...
Talvez até brilhante como um cometa,
Mas isso nunca ninguém irá saber,
Porque fui traído pela tinta da caneta.

17/11/09

1000 Coisas


Eu,

Eu podia ter 1000 coisas,
Eu podia pensar em 1000 coisas,
Eu podia ver 1000 coisas,
Eu podia ouvir 1000 coisas,
Eu podia gostar de 1000 coisas.

No entanto,
Eu,
Só te tenho a ti,
Só penso em ti,
Só te vejo a ti,
Só te ouço a ti,
Só gosto de ti.

Porém tu,

Não me queres ter, a mim,
Não pensas em mim,
Não me vês, a mim,
Não me ouves, a mim,
Não gostas de mim.

Por isso,

Vai... pentear macacos, mil macacos,
Vai... dar banho ao cão, mil cães,
Vai... dar uma volta ao bilhar grande, mil voltas,
Vai... caçar gambuzinos, mil gambuzinos,
Vai... encher sacos de nevoeiro, mil sacos.
.
(este texto foi enviado por mim, via email, para uma ex-namorada minha... 1000 vezes enviado)

13/11/09

Rimas Desinspiradas


Doce Inspiração,

Porque Me Abandonaste?

Foi Por Causa Desta Constipação?

Nunca Te Constipaste?



Quero-te Aqui,

Eu Preciso De Ti,

Não Me Deixes Assim,

É Dificil Rimar... Atchim!



... Vês ?

09/11/09

Parábola dos Dois Montes


Todos os dias, quer estivesse sol, chuva, vento, frio ou calor... todos os dias, ininterruptamente, durante 57 anos, um velho homem de 72 anos, subia ao cume do monte mais alto da sua aldeia e sentando-se sempre na mesma pedra, ficava a contemplar em total silêncio o horizonte.

Na realidade o homem concentrava toda a sua atenção num ponto específico: o monte mais alto da aldeia vizinha, onde um outro homem, sensivelmente da mesma idade, realizava o mesmo ritual de subir ao cimo do monte todos os dias.


Religiosamente, os dois homens, passavam duas horas do dia simplesmente a olharem-se ao longe.


As duas aldeias, fartas de não obterem qualquer tipo de explicação para aquele estranho fenómeno, decidiram pôr os dois velhos frente a frente pela primeira vez.

Assim, a meio caminho entre as duas aldeias, e com as respectivas populações presentes em peso, os dois homens foram postos cara a cara.

Todos aguardavam com enorme expectativa pelo desvendar do mistério.


Os dois velhos olharam-se nos olhos... fizeram uma pausa e depois, subitamente, desataram a chorar desalmadamente.


Sabem, apesar de todos aqueles anos, os dois homens nunca se tinham visto de perto, na verdade eles julgavam que a pessoa que estava sentada no outro monte era… uma mulher.


Sem saberem como, nem porquê, os dois apaixonaram-se por aquela imagem.


Eles viveram décadas na ilusão de que “ela” era a mulher das suas vidas, e que mais cedo ou mais tarde, “ela” iria tomar a iniciativa de se aproximar.


Foi um dia duro aquele, para os dois velhos homens, contudo isso também serviu para que eles aprendessem, e ao mesmo tempo ensinassem, uma grande lição de vida: não se pode passar uma vida inteira a fantasiar, às vezes, digo, muitas vezes, é bem melhor tomar a iniciativa e arriscar.




Desde aquele dia, nunca mais ninguém foi visto sentado no cimo daqueles montes… até eu aparecer.

04/11/09

A Mais Pequena História de Natal do Mundo


Era uma vez um velho pedaço de papel reciclado, o seu sonho… sim, os papéis também têm sonhos, mesmo os reciclados. O sonho dele era ser útil.

O velho papel reciclado percorreu milhares de quilómetros, literalmente ao sabor do vento.

Durante essa longa viagem, o pedaço de papel reciclado, viu e ouviu muita coisa... mas de que vale ser um papel, se não se pode escrever nele aquilo que se vive ou viveu?


Certo dia, o já amarelecido pedaço de papel reciclado, ficou preso numa árvore, “é o fim!”- pensou ele.

De facto, que utilidade poderia ter um velho pedaço de papel reciclado no topo de uma árvore?


Pois bem, foi precisamente esse pedaço de papel reciclado, que chamou a atenção de uma criança para aquela árvore.


E lá está ele agora, o velho pedaço de papel reciclado foi "transformado" numa bela estrela de papel, e enfeita agora, o topo da árvore de Natal da família daquela criança.


Velho… reciclado?! Sim, mas orgulhosamente útil e feliz.

26/10/09

História Inacabada


Nota prévia: o seguinte texto soará (espero) melhor, se for lido em voz alta.

Era uma vez um rapazinho, que tinha um sonho: voar sozinho.

“Isso é impossível, ninguém consegue voar!”- alertavam os amigos, enquanto riam sem parar. “Pois um dia, eu vou conseguir!”- respondia o pequeno sempre a sorrir.


O certo é que o tempo passou a voar, e o rapaz cresceu sem o sonho concretizar.


Uma noite o pequeno, entretanto jovem, estava a olhar para o céu estrelado, quando subitamente deu um enorme salto, que quase o fez cair do telhado.

“Claro! É isso, já sei como conseguir.”- gritou o jovem para quem o quis ouvir.

Ele desceu do sitio onde estava empoleirado, e foi dormir, pois estava cansado.

Ainda antes do sol nascer, já os pneus da sua bicicleta, o rapaz estava a encher. Saiu de casa a pedalar rapidamente, apenas com o sonho de voar em mente.

O seu destino era o Monte Das Incertezas, o mais alto que havia naquelas redondezas. Chegou ao topo um pouco estafado, mas com a certeza de que o sonho apenas agora tinha começado.

A vista lá em cima era extasiante, por isso ele decidiu sentar-se por um instante.

Nesse momento, à sua cabeça vieram algumas recordações, lembrou-se de quando tentou voar do cimo de umas escadas, e caiu aos trambolhões. Porém hoje estava seguro que iria conseguir, pegou na fotografia da namorada e começou a sorrir.

“É hoje amor, em breve estarei perto de ti, e vou levar as flores que te prometi.”.

Em seguida, já com as flores na mão, ele aproximou-se do precipício com precaução.

Olhou para o anel que a namorada lhe ofereceu, saltou e ...


Deixo o final desta historia, ao critério de quem a leu, o meu é demasiado triste, pois o rapaz morreu.

18/10/09

A Fórmula


Uma folha em branco, seja ela de papel real ou virtual, é quase sempre sinónimo de angústia para quem não sabe o que escrever.
Por vezes, começa-se violentamente a escrever a primeira coisa que nos vem à cabeça e... mais uma folha para o balde do lixo.
Alguns “Mestres da Escrita”, afirmam que a forma como se inicia é absolutamente determinante, por isso convém não ser precipitado e não escrever a primeira coisa que nos vem à cabeça, por mais genial que essa coisa possa eventualmente parecer.
Convém ter um pouco de calma, reflectir, e se for necessário, respirar fundo...três vezes.
O resultado é espantoso.
Após esta fase Inicial, gostaria de poder dizer que tudo é mais simples, e na realidade até é.
O passo seguinte para a elaboração de um bom texto, seja ele um conto, uma notícia, ou outra coisa qualquer, é a fase Intermédia, ou “Palha”, como carinhosamente eu gosto de lhe chamar.
Esta é a parte que não acrescenta nada de essencial ao Início, e quase nunca é fulcral para o Fim, por isso, é aqui, nesta fase, que são escritas as maiores “barbaridades”. Aqui, a Imaginação de cada um é o limite.
Chega-se, por exclusão de partes, à fase Final.
Aqui é essencial ter calma e recomeçar a pensar um pouco... o ideal era mesmo começar a pensar muito.
Existem teorias que defendem a necessidade de uma pausa, de pelo menos um dia, entre a fase da “Palha” e a fase Final. A razão disto está ligada a uma velha história que é contada desde o tempo dos Romanos, só que essa mesma história é tão comprida (normalmente até maior que a própria história que se pretende contar), que nunca ninguém conseguiu descobrir exactamente o porquê desse dia de descanso.
Por tradição, esse dia ainda hoje é mantido.
Logo após as 24 horas de repouso, tudo parece certamente mais claro e óbvio, em poucos minutos a fase Final fica concluída, basta depois arranjar um motivo para que o “mau” da história sofra um terrível desastre de automóvel (os mais ousados usam aviões)... e morra. Os “bons” casam todos entre eles, e o cãozinho fica a brincar com a miúda que tinha partido a perna.
E todos vivem felizes para sempre!
Qualquer semelhança com o enredo de uma qualquer telenovela NÃO é mera coincidência.

12/10/09

Café Com Todos

Ir ao café é um hábito que a maior parte da população portuguesa faz questão de exercer.
Porém, na minha opinião, o conceito de ir ao café não deveria incluir ter de aturar os filhos dos outros. Não sei porquê, mas alguns pais com filhos que ainda gatinham, pensam que o chão de um café é o sitio ideal para os seus filhos brincarem.

Pessoalmente não acho muito agradável, enquanto tomo o meu simbalino (café), sentir alguém, ou alguma coisa, a puxar-me as pernas das calças... no entanto pior, muito pior, do que ter uma criança a puxar-nos pelas calças, é ter um cão a tentar fornicar com elas (calças), é deveras embaraçoso - e não propriamente para o animal.


Se durante as noites os cafés estão normalmente cheios de homens que se recusam a pagar a Sportv, durante as manhãs o caso muda de figura... experimentem, como eu, tentar ler o “jornal da casa” durante a manhã - é impossível (!) - os bons dos velhinhos ,ou “Máfia da 3ª idade” como eu lhes chamo, não permitem que ninguém estranho à “Família” leia o jornal, sem que este tenha antes sido lido por todos os outros “familiares”.


Tudo isto leva-me a colocar a seguinte questão: “O que seria de grande parte da população se não existissem os cafés?”

Provavelmente teriam de gastar o tempo a fazer alguma coisa realmente útil e interessante, mas isso é uma seca, não é? (Vai um cafézinho?)

05/10/09

Passei?

"Casting", esta palavra, passou – por diversas razões – a fazer cada vez mais parte do nosso vocabulário.
Para a grande parte das pessoas, ela está associada à escolha de actores ou cantores.

Porquê ser tão limitativo? Porque não, por exemplo, alargar a sua função para a escolha de políticos?

Vendo bem as coisas, políticos, actores e cantores fazem todos parte do mesmo ofício, o entretenimento popular.


Visualizem:

Jovem pretendente a político, entra timidamente numa sala sem janelas.

Lá dentro, é aguardado por um júri, composto por cinco políticos, mas estes não são uns políticos banais, têm de ser frios, calculistas, pretensiosos e arrogantes (estes são os predicados exigidos a um político, para conseguir escolher um outro semelhante).

O pretendente, coloca-se em frente dos juizes e aguarda.

Finalmente, é pedido ao jovem para referir qual deve de ser o papel de um político na actual sociedade.


- Ajudar os fracos e oprimidos, dar voz ao Povo, lutar por uma justiça igual para todos independente da raça, credo ou extracto social. Estar no fundo ao serviço do próximo, sem esperar nada em troca. - respondeu de forma segura, o aspirante a político.


Assim que o jovem terminou a resposta, fez-se um silêncio profundo na sala.

O jovem candidato começa a tremer de receio.

Os juizes parecem estátuas.

Subitamente, um dos juizes começa de uma forma lenta e compassada a bater palmas.

Um a um, todos os outros juizes fazem o mesmo, o ritmo das palmas cada vez aumenta mais.

O jovem começa a abrir um ligeiro sorriso nos lábios e resolve perguntar:


- Passei?


Nisto, com uma precisão para lá de matemática, todos os elementos do júri cessam de bater palmas ao mesmo tempo.

Volta o frio silêncio.

O aspirante a político, desta vez, com muito receio, volta a perguntar:


- P- Passei?


O elemento mais velho do júri, decide então falar:


- Passou, jovem amigo, passou. – um ar de alivio surge no rosto do jovem que desta vez exibe um enorme sorriso de orgulho. O jurado continua:


- Passou... passou completamente ao lado. Ajudar os fracos e oprimidos? Dar voz ao Povo? Lutar por uma justiça igual para todos? Você só pode estar a brincar connosco, ou então, enganou-se na sala, o casting para missionários é na sala ao lado. Adeus.


O jovem tenta responder, mas está visivelmente perturbado. – percebe-se.


- Mas... Mas...

- Qual mas! Ponha-se imediatamente na rua homem, e não volte sequer a tentar manchar o bom nome dos políticos. Rua, já disse.


Cabisbaixo, lentamente o jovem caminha na direcção da porta, ainda olhou uma última vez para os juizes, mas em vão.


- Rua. – disseram todos em uníssono.


Apesar deste trauma, o jovem, jurou a si mesmo que um dia ainda havia de conseguir ser político, nem que para isso fosse necessário alterar todos os seus valores morais.


Apraz-me, por fim, dizer que o jovem conseguiu realizar o seu sonho, e é hoje Primeiro-Ministro.

28/09/09

Dexter, A Entrevista

Sou fã da série de TV “Dexter”.
Imaginei Dexter Morgan em Portugal, a ser entrevistado num canal de TV por cabo regional, durante um programa sobre doces tradicionais.
Após cada resposta, os pensamentos secretos de Dexter serão representados por ( ).

ENTREVISTADOR – Dexter Morgan, obrigado pela sua presença. Diga-nos, o que faz aqui, em Portugal?

DEXTER MORGAN – Bem… obrigado eu, pelo convite. Estou de férias, aproveitando a vossa simpática hospitalidade (ou como diria Harry: escondendo o meu traseiro o mais longe possível das provas do crime).

- Já teve a oportunidade de provar os nossos doces tradicionais?

- Não, ainda não (pergunto-me o que será pior: o Mundo descobrir que eu sou um serial-killer, ou ser obrigado a responder a estas perguntas idiotas), mas ouvi falar em… pastéis de Belém, certo? É assim que se diz?

- Sim, sim… vejo que o Dexter conhece alguns dos nossos doces tradicionais.

- Tenho pesquisado (é, cara de cú, tenho pesquisado por doces tradicionais portugueses, e por um bom sitio para me esconder… um lugar isolado, longe da civilização e o mais importante: o mais longe possível das provas do crime… merda, acho que já disse isto há pouco… este tipo está a descontrolar-me). Eu simplesmente adoro doces tradicionais.

- Diga-nos, está familiarizado com o nosso futebol?

- (eu não acredito que este imbecil acabou de me fazer esta pergunta… começo a pensar se ele não se enquadra dentro dos meus padrões… o que diria Harry? Concentra-te Morgan, e dá uma resposta civilizada ao estuporzinho) Gosto de todo o tipo de desportos.

- Óptimo, porque nós temos uma surpresa para si.

- Uma surpresa?! (Foda-se, fui descoberto) Que tipo de surpresa?

- Planeamos uma visita sua ao Estádio da Luz, onde joga o Benfica.

- A sério? (ok, este cabrão morre esta noite, Harry não teria aprovado, mas a regra nº7 do código é bem especifica: matar todos os benfiquistas) Isso é excitante.

- Caro Dexter Morgan, nós sabemos de deve ter uma agenda muito preenchida, por isso agradecemos-lhe a sua presença. Vemo-nos logo à noite, no estádio, certo?

- Certo, obrigado (nota mental: comprar um par de facas novas), mal posso esperar.

23/09/09

Desafio


O @JorgePontes no Twitter fez-me este desafio:
1 - Ir a uma página aleatória da wikipédia aqui e o primeiro nome que surgir será o nome da banda.

2 - Ir à página das citações aleatórias aqui e as 3 ou 4 últimas palavras serão o nome do CD.

3 - Ir à secção "explore the last seven days" do flickr aqui e a terceira imagem (não interessa qual seja) será a capa do CD.

4 - "Cozinhem" tudo no photoshop (ou semelhante).

5 - Postem no vosso blog, facebook, etc. (juntamente com as regras!)

6 - Desafiem mais alguém.



O resultado disto tudo é a imagem em cima.

Bom, e agora desafio a brasileira mais simpática que conheço a Jééh http://jeessikita.blogspot.com/

21/09/09

Domingo à Tarde


Determinadas músicas fazem-me viajar… umas para o passado (quase sempre para os anos 80), outras para o futuro (quase sempre para fora deste Planeta).
Algumas músicas alertam-me para a sorte que tive, por estar “presente” na altura em que elas foram “lançadas”, músicas como esta, ou esta. Outras músicas, alertam-me para a falta de sorte que tenho por ainda me lembrar delas, musicas como esta, ou esta.
Seja como for, as músicas fazem parte da minha vida… uma grande parte da minha vida, e eu gosto que assim seja.

Mas isto não é uma história e este blogue é, basicamente, feito de histórias, por isso vou contar uma agora:

Certo dia, num Domingo à tarde, na segunda metade dos anos 80, um rapaz conheceu uma rapariga.
O rapaz apaixonou-se pela rapariga (os rapazes, na segunda metade dos anos 80, principalmente aos Domingos à tarde, tinham a tendência de se apaixonarem rapidamente por raparigas, tendência essa que hoje em dia parece cada vez mais esquecida).
No Domingo seguinte à tarde, o rapaz, após ensaiar centenas de vezes em frente do espelho, pediu a rapariga em namoro… ela aceitou.
No Domingo seguinte à tarde, o rapaz, após ensaiar centenas de vezes diante de um poster da Madonna, beijou a rapariga na boca… ela retribuiu.
No Domingo seguinte à tarde, o rapaz, após ensaiar dezenas de vezes com uma meia (?), pediu à rapariga para fazerem amor… a rapariga respondeu-lhe, dizendo que ela pensava que eles já faziam amor desde o primeiro Domingo à tarde em que se conheceram.
O rapaz sorriu-lhe.

14/09/09

Selo


Recebi recentemete um Selo "Eu adoro teu blog", normalmente não ligo muito a esse tipo de coisas, mas como o selo foi enviado por uma brasileirinha muito simpática, não pude dizer que não.

Seguem as regras:
1- Fazer referência ao selo e publicá-lo.
2- Divulgar as regras.
3- Dizer 5 coisas que gosto de fazer.
As cinco coisas que gosto de fazer são:

1 – comer chocolates

2 – beber coca-cola

3 – comer gelados de chocolate

4 – comer bolos de chocolate

5 – comer chocolates, beber coca-cola, comer gelados de chocolate e bolos de chocolate, tudo ao mesmo tempo e SOBREVIVER!


Indico para: Jorge Pontes ~> http://seriesjp.blogspot.com/
obs.: isso é uma corrente e só participa que têm os blogs considerados bons ;)

11/09/09

Improv

(texto escrito de improviso. Obrigado @barbosa894 @JorgePontes @fjfonseca pelas sugestões para um tema. Escolhi a sugestão do @fjfonseca “Asfixia Acrobática”)

“Asfixia Acrobática”, o que é isso?
Bom, a primeira referência a tal asfixia data do início do século X (Era Glaciar), antes, muito antes de Cristo ter nascido.
Segundo desenhos encontrados numa caverna duplex, os homens que chegassem à provecta idade de 30 anos, eram todos sujeitos a uma “asfixia acrobática”, aqueles que conseguissem superar a prova, continuavam vivos.
A cerimónia decorria dentro de um estádio de futebol (sim, na Era Glaciar já havia futebol… algumas equipas actualmente parece que ainda praticam o mesmo estilo praticado naquele tempo: cabeças de dinossauro para a frente e fé no Tiraunaussauro Rex).
O infeliz que seria asfixiado acrobaticamente subia para baixo de um banco de pedra, subindo-o novamente, uma corda era atada a um Voluntropaussauro Mobilis (espécie de avião da altura) numa ponta e na outra ponta estava a gigantesca cabeça do infeliz.
Se a corda rebentasse o infeliz vencia e passava a ter direito a dormir com todas as fêmeas de Hiptotraussauro que encontrasse (também tinha direito a dormir com mulheres, mas eles preferiam os animais).
E foi assim que nasceu a “asfixia acrobática”
Recentemente, David Carradine, um actor americano, tentou praticar asfixia acrobática, envolvendo uma prostituta vietnamita na acção, teve azar, morreu.

08/09/09

Parabéns!


Eu queria desejar-te “parabéns”, mas não me lembro da data do teu aniversário.
Se eu fosse tão organizado como tu, teria anotado isso no telemóvel, tal como tu fizeste em relação à data do meu aniversário… a propósito, não é dia 12, mas sim 11, que eu faço anos, de qualquer das formas, obrigado por teres me teres ligado nesse dia, mãe.

05/09/09

A Música



“Não, não vou chorar.” – Jurou ele a si próprio, quando começou a ouvir a música.
Mas o que tinha de particular aquela música, para o levar a pensar assim?
Nada de especial, a não ser o facto de ele se ter apaixonado pela rapariga que lhe deu a conhecer essa música, há já alguns anos atrás.
Ele sentou-se na poltrona, fechou os olhos, e deixou-se levar pelas memórias.
Lembrou-se do nome dela, do seu sentido de humor, lembrou-se que naquele tempo sempre que olhava para a Lua pensava nela, lembrou-se das horas passadas de dicionário na mão a traduzir cada frase, cada palavra, dessa musica, e lembrou-se que nunca a viu… nem sequer em fotografia.
Tinha sido uma paixão virtual, criada através da Internet, mas ainda assim, uma paixão.
Ele pensou nela… será que estaria casada, com filhos, até?
A música acabou, ele abriu os olhos, respirou fundo e olhou para uma porta que acabara de se abrir… não era ninguém, tinha sido apenas uma corrente de ar.
Ele suspirou, pegou numa caneta e resolver escrever isto.


(ouvir A Música)

31/08/09

Donas de Casa Desesperadas... por Futebol.


O campeonato está de volta, e juntamente com ele, chegaram também as intermináveis horas de excitação, entusiasmo e prazer… tudo isto enquanto os maridos/namorados se enfiam em estádios/cafés para verem jogos de futebol.
Com efeito, as esposas/namoradas (donas de casa) de Portugal inteiro, todos os anos anseiam desesperadamente pelo início do campeonato de futebol.
Para estas mulheres, futebol é sinónimo de casa vazia durante, pelo menos, duas horas.
Admito que também eu sou um pobre viciado em futebol, e como tal, já tive a minha testa muito bem ornamentada.
Esse, que fique bem claro, insólito episódio da minha vida, aconteceu há muito tempo atrás (na verdade foi a semana passada, mas o meu psicólogo aconselhou-me a pensar dessa forma).

Foi assim: eu tinha chegado a casa mais cedo do que o previsto, porque o jogo que era suposto ter sido transmitido na TV, tinha sido substituído por episódio da telenovela: “Apaixonei-me pela minha irmã sem saber e agora vou andar a sofrer durante 300 episódios até eu descobrir que ela não é minha irmã”, quando entrei no quarto, vi a minha namorada nua na cama com… outra mulher nua.
Perante aquele cenário, tomei a única atitude digna, que um homem da minha estatura intelectual poderia ter tomado: pedi, implorei para me juntar a elas.
Elas aceitaram.
Entrei no jogo disposto a provar o meu valor, porém… entrei sem aquecimento, a frio… e um atleta precisa de um bom aquecimento para ter uma melhor performance. Elas não quiseram saber do meu problema e fui posto fora-de-jogo, ainda protestei mas acabei expulso do quarto.

Fiquei de rastos nessa noite, senti-me como o Benfica quando perdeu 7-0 com o Celta de Vigo… felizmente eu recuperei bem e depressa, o Benfica, nem por isso.

26/08/09

Qual escolhem?

Se tivessem de ler o Diário de uma destas personagens, qual escolheriam:

A – Um cantor pimba que quer ser eleito Presidente da Republica, divorciado, vive com filha de 16 anos numa grande auto caravana.

B – Um extraterrestre que quer conquistar o planeta Terra e que para estudo da nossa raça todos os dias entra dentro do corpo de alguém diferente, pode ser desde o Cláudio Ramos até ao Sócrates.

C – Um rapaz de 16 anos obcecado com as séries de televisão, especialmente o Dexter.

D – Um comediante gay, divorciado, que vive com o filho super-sarcástico de 8 anos, mais a sua namorada (do gay) que por acaso é uma transexual e taxista ao mesmo tempo.

E – Outro (qual?)


(Obrigado a todos pela participação, o Grande Vencedor foi: o comediante gay!)

25/08/09

Muito Obrigado,

Tal qual o pára-brisas de um carro, após ter levado com algumas gotas de água em cima e secado logo de seguida, o panorama televisivo português está sujo.
Sujo, imundo, porco e baço... resumindo: está como o sempre sonhei... no meu mais negro dos pesadelos.

Obrigado TVI, pelos didácticos e pedagógicos concursos que nos proporcionas, onde quem quiser vencer sujeita-se a matar a própria mãe e a comer-lhe os ossos em seguida.

Obrigado SIC, pelo esforço desumano que fazes na tentativa de melhorar a nossa decadente língua juntando-lhe um pouco de açúcar, valeu galera.

Obrigado RTP, por gastares de forma tão lúcida e sensata o dinheiro que me sacam do bolso, fico feliz em ver, para variar, dinheiro tão bem gasto neste país. Fico emocionado só de pensar nos cenários do Telejornal, são de chorar.

Obrigado TVCABO, pelas dezenas de canais que me ofereces para que eu me torne num ser humano... mais humano. Pago as suaves mensalidades sem qualquer tipo de rancor apesar de volta e meia me deixares a olhar para um ecrã em preto.

Obrigado, obrigado a todos.

24/08/09

Obrigado TVI,

Pelas intermináveis horas de puro entretenimento que nos proporcionas todos os dias, Portugal já não seria o mesmo sem a tua inestimável participação, é quase comovente constatar que tu, ao contrário de outros canais de TV, não buscas o lucro fácil e apenas pretendes elevar os nossos espíritos. Muito obrigado pelos teus enredos, muito bem escritos, onde se misturam sabiamente o suspense, a suspeição e muito, muito divertimento… eu realmente adoro ver os teus noticiários.

10/08/09

Acessos

- Para acesso a sites de cariz erótico (admita, pornográfico) , pulse a tecla “X” 3 vezes, depois verifique se está alguém perto de si, se não estiver, o espectáculo pode começar.

- Para acesso ao seu extracto bancário, pulse a tecla”0” 8 vezes, depois verifique se o seu saldo está negativo, se estiver, lamentámos mas este serviço irá ser encerrado.

- Para acesso a computadores alheios, tecle no seu teclado “eu sou um filho da p***”, depois escolha um dos milhões de computadores disponíveis para destruir, lembre-se que alguém pode estar a fazer o mesmo ao seu computador.

- Para acesso a Deus, tecle no seu teclado “Pai Nosso que Estais no Céu “, caso queira aceder a Deus mas não é católico, tecle no seu teclado “o que é que eu faço aqui?”

- Para acesso ao cérebro do Seleccionador Nacional de Futebol, tecle no seu teclado “está aí alguém?”, o ecrã ficará branco, se tiver problemas na ligação contacte os nossos serviços de apoio ao cliente que se encontram temporariamente indisponíveis.

- Para acesso imediato a ter acesso a tudo que ainda não tenha tido acesso, tecle no seu teclado “acesso”, se os acessos estiverem cessados tente aceder aos mesmos mais tarde... muito mais tarde.

16/07/09

Eu na TV


Depois de assistir a mais um “5 para a meia-noite”, na RTP2, apresentado às sextas, pelo Luís Filipe Borges, fui-me deitar. Durante o sono, sonhei que eu próprio estava a ser entrevistado pelo Luís.
O sonho, digo, entrevista, começou assim:

- O convidado desta noite, é um homem, que digamos, não é muito conhecido… eu diria, que o convidado desta noite, é um homem muito pouco conhecido… vamos ser francos, ninguém conhece o convidado desta noite… é um risco, eu sei, mas assinar um contrato com o Benfica também o é, e não foi isso que impediu Jesus de o fazer.
Por falar em Jesus, espero que Ele, não me falhe agora, porque está, agora sim, na hora de chamar o convidado desta noite… senhoras e senhores, apresento-vos, Jack, The Scripter.

(Eu entro triunfalmente, com classe, categoria, com a calma das estrelas. Público arregala os olhos de admiração, contemplação. Aceno para a plateia, tal como os príncipes acenam ao povo, com uma mistura de desprezo e gratidão. Sento-me graciosamente.)

- Obrigado, Jack, por aceitares o meu convite, para estar aqui, esta noite. A propósito, devo chamar-te Jack, ou…
- Espera.
- Sim… Jack?!

(Provoco uma pausa, vejo nos olhos do Luís Filipe Borges o medo… prolongo a pausa. Depois prossigo.)

- Antes de mais nada, quero dizer, que é um verdadeiro prazer estar aqui contigo, esta noite.
- Bom… obrigado, Jack.
- Sou um admirador confesso do teu trabalho, há já muito tempo. Para te ser franco, eu pensava que tu estavas em pior forma física.
- Obrigado, não sei se isso é um elogio, mas obrigado, Jack. Já agora, porque é que pensavas isso?
- Basicamente, eu pensava que tu já estavas morto.
- Desculpa?!

(A plateia agita-se, sinto isso na minha pele, mantenho a tranquilidade de um aristocrata e continuo…)

- Sim, morto. Aquele filme que tu fizeste, como é que se chama… o Pátio das Cantigas. Isso já foi, sei lá, há alguns 50 anos, não?
- O Pátio das Cantigas? Mas eu nem sequer era ainda nasc…
- Páh, ouve, o que eu me rio sempre naquela cena em que tu ficas à porta da loja e dizes: “Ó Evaristo, tens cá disto?”. Hilariante.
- Jack, meu… ouve, tu estás a confundir-me com o Vasco Santana, o grande Vasco Santana, ele é que já morreu.
- A sério? Isso explica muita coisa…
- Jack, vamos agora falar sobre ti, pode ser?
- Tens a certeza que não és o Vasco Santana? É que és mesmo parec…
- Não, eu não sou o Vasco Santana, ok?

(Aquele “ok” soou-me a “ou paras com isso, ou levas na cara”. Passei a mão pelo meu queixo e fiz o gesto de olá, para uma miúda gira que estava na plateia, isso acalmou o ambiente. O Luís Filipe Borges, continuou a entrevista.)

- Jack, sobre ti, apenas sei que gostas de escrever, tens até um blogue, o “doadordehistorias.blogspot.com”, onde publicas o que vais escrevendo, sei também que usas o Twitter, aliás, foi no Twitter que te conheci. A minha pergunta é, como é que começaste a escrever?
- Assim…

(Faço com a mão o gesto de quem está a escrever. Metade da plateia não percebe a subtileza da minha resposta, mas eu não me importo, a miúda gira sorriu-me.)

- Vamos lá, Jack, o que eu queria saber é, com que idade é que começaste a escrever?
- Com 4 anos e 7 meses.
- A sério? Isso é muito prematuro.
- É, eu sei. Posso até dizer-te que a primeira coisa que escrevi, foi um poema dedicado à minha mãe.
- Com 4 anos, escreveste um poema?!
- Não! Eu tinha 4 anos e 7 meses, quando escrevi um poema.
- Ah, os 7 meses, eles fazem toda a diferença, muito bem. Lembras-te de alguma passagem?
- Só do começo…
- Ok, pode ser, força nisso.
- Bom, o começo do poema, era qualquer coisa assim… “MITXUPLOFARTE TRAUKLMQWERT”. Luís, eu tinha 4 anos e 7 meses, estavas à espera de quê, Shakespeare?

(Faço o meu melhor sorriso e levanto-me para agradecer os aplausos… estranhamente, ninguém aplaude. Já que eu estou de pé, aproveito, para me sentar novamente. Ninguém percebe o meu leve embaraço.)

- Jack, sei que já trabalhaste numa revista feminina, como é que isso aconteceu?
- Eu tinha acabado o 9ºano… tinha 27 anos, e achei que estava na altura de começar a ganhar algum dinheiro…
- Tu terminaste o 9ºano, com 27 anos?!
- Não, Luís. O que eu disse foi: tinha acabado o 9ºano, pausa, com 27 anos, achei que estava na altura de começar a ganhar algum dinheiro.
- Ah, bom… por momentos eu pensei que…
- Que eu tinha feito o 9ºano com 27 anos? Não! Eu… eu tinha 25.

(O Luís Filipe Borges, tosse de espanto. Olho para a plateia, à procura da miúda gira, ela desvia o olhar, fico nervoso. Será que eu deveria ter dito a verdade? Que nem sequer o 9ºano terminei? Enfim… respiro fundo e prossigo…)

- Achei que trabalhar numa revista feminina era o ideal para mim.
- E o que é que tu fazias, exactamente, nessa revista, Jack?
- Eu era o responsável por escrever as cartas das leitoras.
- Não quererás dizer, escrever cartas, para, as leitoras?
- Que cartas? Quando cheguei lá, disseram-me para tratar da correspondência, o problema é que ninguém escrevia nada para aquela revista, então eu, com medo de perder o emprego, comecei a inventar cartas, supostamente enviadas pelas leitoras.
- A sério?! Que tipo de coisas inventavas?
- Basicamente, coisas, sobre dúvidas sexuais.

(A plateia, cheia de adolescentes com hormonas aos saltos, agita-se.)

- Já agora, podes dar-nos um exemplo?
- Claro. Ouve, a outra parte divertida desse emprego, era que eu também inventava o nome das leitoras. Esta dúvida, que te vou contar, por acaso, foi “enviada” por um leitor, um tal Renato Pompeu de Mem Martins… era assim: “… introduzi, sem querer, um dedo no meu ânus, sou um homem, isso faz de mim homossexual?”. Eram coisas deste género que eu escrevia.
- Uau… e era tudo inventado?
- Bem, Luís, quase tudo. Para te ser sincero, eu realmente tinha enfiado um dedo pelo meu cu acima, e queria saber se isso fazia de mim, gay… o problema é que como também era eu que respondia, essa dúvida mantém-se até hoje.

(Triunfalmente, tal como um toureiro após a lide de um touro indefeso, olho para a plateia, todos se riem. Ao procurar a miúda gira, reparo que o estupor de um miúdo acaba de me piscar o olho.)

- Continuando, Jack… quanto tempo durou a tua experiência de escrever, nessa revista?
- Aproximadamente… 1 ano… 1 mês e 1 semana.
- E depois disso, o que fizeste?
- Bem, Luís… quando saí da “Amigas Dupeito”, era assim que se chamava a revista, passei por um período negro da minha vida… sinceramente, hoje, posso dizer-te, que fiz coisas que me arrependo… e muito.
- Podes falar sobre isso, Jack? Envolveste-te com drogas duras, foi?
- Pior, muito pior. Aceitei trabalhar para um político. Eu… eu escrevia os discursos dele.

(Ouço em uníssono um som vindo da plateia, que classifico como admiração, desprezo e repulsa. A miúda gira recusa-se a olhar para mim… até o rapazinho gay desvia o olhar. Resolvo falar directamente para a plateia.)

- Pessoal, eu sei que isso é errado, que os nossos pais nos ensinam, e avisam, que não nos devemos envolver com políticos, mas entendam… eu, eu precisava de dinheiro comprar um telemóvel novo.
- Se era só para comprar um telemóvel novo, Jack, nós entendemos.
- Obrigado, Luís.
- Já agora, tenho de perguntar-te isto, quem era esse político, podes dizer-nos?
- Sabes, Luís, eu não queria revelar a identidade dessa pessoa, tenho medo de represálias… mas posso adiantar-te que o primeiro nome dele, é o mesmo de um dos Apóstolos, o segundo nome é parecido com “Santa e Ana”, e o terceiro nome assemelha-se à palavra “lápis”… mas prefiro não revelar nada em concreto.
- Muito bem, vou respeitar isso.
- Escrever tantas mentiras e falsas promessas, mexe com uma pessoa por dentro, só aguentei 6 meses, depois pedi a demissão.
- E agora, estás a fazer alguma coisa?
- Sim, sim… estou a escrever um livro sobre o Cristiano Ronaldo.
- Sobre a vida dele, desde os tempos da Madeira, o seu percurso como futebolista?
- Não. Nada disso. Estou a escrever um livro sobre as namoradas dele. Estou a adorar entrevistá-las. Gostei particularmente de conhecer a espanhola, ela é uma mulher com uma grande… digamos, bagagem cultural.
- Pois prepara-te, Jack, porque nós temos uma surpresa para ti… senhoras e senhores, vinda directamente de um bar de strip espanhol, recebam com uma grande salva de palmas… Nereida Gallardo!

(Olho para o meu lado esquerdo e vejo aquele mulherão a aproximar-se de mim, não resisto, levanto-me e agarro-me a ela como se não houvesse amanhã. O Luís Filipe Borges, ainda tenta separar-me dela, mas é incapaz. Eu agarro-me à Nereida com tanta força que ela explode… acordo, vejo penas espalhadas por cima da minha cama, rebentei a almofada… outra vez.)

06/07/09

Homens/Mulheres

Como todos sabem, existem muitas semelhanças entre homens e mulheres.
A paciência não é uma delas.
Está provado que as mulheres são, pelo menos, 75.56%, mais pacientes que o homens.

Isso faz todo o sentido, se tivermos em mente que as mulheres grávidas carregam no interior do seu corpo, um outro ser vivo, durante 9 meses.
Se os homens engravidassem (para além de serem convidados para a Oprah), cálculo que o tempo de gestação fosse drasticamente reduzido para uns 15 dias… no máximo.
Ser impaciente, faz parte da natureza dos homens, tal como dizer “boa noite, eu sou a Manuela Moura Guedes”, faz parte da natureza dessa senhora.

Exemplo prático: no supermercado, na sempre dolorosa hora de pagar – as mulheres têm a santa paciência de estar ali, paradas, a contar cada moedinha de cêntimos que encontram nas carteiras. Eu soube de um caso, onde uma senhora pagou uma conta de 15 euros, com moedas de 1 cêntimo.

Para a mesma situação – os homens, pagam com cartão de crédito (apesar de terem os porta-moedas carregados de moedas), ou então, para pagar uma conta de 15 euros, dão uma nota de 20 e nem sequer esperam pelo troco, saem dali o mais rápido possível e vão a correr ver o inicio do jogo de futebol.

O que vou escrever a seguir pode ser considerado polémico, mas a verdade é que a maioria dos homens só aceita casar porque já não aguentam mais ouvir, as suas namoradas a repetirem vezes sem conta, coisas como: “Amor, tu gostas de mim? Amorzinho, diz lá que gostas de mim. Gostas de mim, não gostas, mor? Mor, vá lá, diz que gostas de mim…”. Os homens, incapazes de pensar direito, não encontram outra alternativa que não seja dizer: “Porra! Eu gosto de ti… caraças, eu gosto mesmo muito de ti, vamos casar para a semana, está bem assim?! Agora, por favor, fecha essa matraca e deixa-me ver a segunda parte do jogo, tá?”.


Nas compras – uma mulher quando vai às compras, tem a divina paciência de vestir e despir, dezenas de modelos, experimentar números acima e abaixo (principalmente os números abaixo) do mesmo modelo. E no fim, quase sempre, não compram nada.
Para a mesma situação – os homens, entram na loja, pegam num par de calças, que por aproximação lhes parece servir, nem sequer experimentam a roupa, pagam com cartão de crédito, e saem rapidamente da loja para irem assistir ao prolongamento do jogo de futebol.


No sexo.
No sexo, a diferença dos níveis de paciência, entre homens e mulheres, é ainda mais evidente… mas para escrever sobre isso, vou ter de esperar até que esta senhora decida que já lhe chega. Estou, vai para 5 minutos, à espera que chegue a minha vez… será que ainda vou a tempo de ver os penalties?

29/06/09

Pride: Orgulho Nacional


Neste último “weekend”, aconteceu uma coisa que me deixou “mad” da cabeça, fiquei mesmo “super-mad”.

Tal como costumo fazer aos sábados, fui até ao “McDonalds” da minha zona, para ingerir a minha dose semanal de “fast-food”.
Pedi um “Cheeseburguer” e um “Chicken McNugget”, depois enchi-os de “ketchup” e “mayonaisse”. Para beber optei por uma “Diet-Coke”, nada como combater os excessos com qualquer coisa “diet”.
Comi o “hambúrguer” e saí dali.

Eu tinha deixado o meu carro estacionado longe do “Mac”, por isso, saquei o meu “iPod” dos “jeans”, meti os “headphones” nos ouvidos, e fui a ouvir música “hip-hop” até ao carro.
Quando lá cheguei, reparei que estava qualquer coisa presa ao pára-brisas, era um “flyer”, um “flyer” publicitário.

Por aquilo que consegui ler, deu para perceber que se tratava de “pub” a um novo “shopping center” que iria abrir em breve, um novo “El Corte Inglês”, para ser mais exacto.
O que me enfureceu realmente foi que a publicidade estava escrita em espanhol.
Que prepotência, “what a nerv”, que arrogância!
Aos espanhóis, não lhes chega invadirem o nosso País diariamente, com produtos “made in Spain”, como, para além disso, querem à viva força, fazer com que em Portugal se fale e escreva em espanhol.

Caros espanhóis, nós nunca, “never”, iremos adoptar outra língua que não seja a nossa, somos demasiado patriotas, “got it”?
Não estamos em saldos!
Nós, Portugueses, temos uma coisa que vocês, caros “hermanos”, não têm, nem nunca vão ter: “Pride”!

22/06/09

Woody Allen Procura Emprego

Recentemente li no Twitter que alguém ia a uma entrevista de emprego. O emprego era o de argumentista.
Imaginei logo como seria a entrevista de emprego de Woody Allen para essas mesmas funções e saiu isto:


Woody Allen está sentado num gabinete sem janelas, entram dois tipos engravatados e a entrevista começa:



ENTREVISTADOR1 – Bom dia.

WOODY ALLEN – Bom dia, deixem-me começar por dizer que eu estou nervoso… hãn, estou quase tão nervoso como o meu primo Billy, no dia do seu casamento com Lú-Yang-Chung-Pó, a rapariga vietnamita… Vietname, ora aí está um bom destino para férias, a não ser, claro, que os senhores prefiram um clima mais frio, nesse caso recomendo a Rússia… ouvi dizer que eles agora têm MacDonalds por lá… e outras coisas…eu não sei…

(longo silêncio)

ENTREVISTADOR1 – Então o senhor quer trabalhar para nós como argumentista.

WOODY ALLEN – Ufa, que alivio, ainda bem que os ouço falar. Por um momento cheguei a pensar que isto era uma entrevista para ser mimo… mimo, vocês sabem, aquele tipo que parece doente de tão pálido que é… ele não fala… está proibido de o fazer… por ordem de um tribunal. Eu gosto muito dos mimos, eles são muito comunicativos.

ENTREVISTADOR2 – Qual é a sua experiência como argumentista?

WOODY ALLEN – Bom, Marie, a minha noiva, passa a vida a dizer-me que eu estou sempre a inventar argumentos para não casar com ela, isso conta? Piada, era uma piada… a minha noiva não se chama Marie… para ser sincero, nem sequer tenho noiva agora… quer dizer, Joanne, a miúda da Biblioteca, da 37 com a 43, pareceu-me bastante interessada… mas claro, com as bibliotecárias nunca se sabe, elas parecem interessadas, mas no fim apenas querem que os livros sejam devolvidos a horas… não, não tenho nenhuma experiência como argumentista.

ENTREVISTADOR1 – O que é que você pode trazer de novo para esta empresa?

WOODY ALLEN – Do que é que vocês precisam? Cadeiras, secretárias, canetas? Estou a brincar novamente… sabem, quando estou nervoso tenho tendência para dizer piadas que… vocês sabem… qual era mesmo a pergunta?

ENTREVISTADOR2 – Quais são as suas referências?

WOODY ALLEN – Re-referências?

ENTREVISTADOR2 – Sim, quais são as pessoas que admira?

WOODY ALLEN – Ah, isso… Bom, sempre tive muito respeito e admiração pelo senhor Nico… o nome dele na verdade é Nicolau Kirilenko, é o dono do talho do meu bairro. A sério, se vocês conhecessem o Nico iam ver como ele é extraordinário… o tipo só tem um braço e mesmo assim consegue cortar os bifes mais finos que já vi na minha vida… ainda por cima o Nico é cego de um olho, acho que é o esquerdo… como podem imaginar, um tipo que trabalha com facas afiadas, que é maneta e cego de um olho, é alguém que merece admiração… entendem o que eu quero dizer?... Meu Deus…

ENTREVISTADOR1 – Como?

WOODY ALLEN – Deus, também admiro esse tipo… o senhor Nico e Deus, são as minhas referências actualmente.

ENTREVISTADOR1 – Ouça, nós depois entrámos em contacto consigo.

WOODY ALLEN – Fico com o emprego?
(será que ele ficou com o emprego?)

18/06/09

Calor Versus Estupidez


O calor, o calor provoca estranhas reacções nas pessoas.

Dizer que a maioria das pessoas fica mais estúpida com o calor, seria sem dúvida um insulto fácil e barato, ora, dadas as actuais dificuldades económicas que o Mundo atravessa, onde é tão difícil encontrar o que quer que seja fácil, e sobretudo barato, permitam-me usar este “insulto”.

A culpa das pessoas ficarem mais estúpidas, não é, no entanto, culpa do calor propriamente dito.
Tenho uma teoria sobre isso e envolve gelados.

Com efeito, estou a escassas semanas de conseguir provar cientificamente, que os gelados provocam efectivamente, um acentuado acréscimo de estupidez, a quem os consome.
Através das minhas pesquisas, descobri que existe um elemento químico secreto na composição dos gelados, que para além de causar dependência, também potencia a que as pessoas fiquem mais estúpidas.

Lamentavelmente, ainda não estou em condições de divulgar o nome desse químico, mas em breve, muito brevemente, ele será revelado ao Mundo.

Caso me aconteça alguma coisa desagradável durante os próximos dias, como ser assassinado, este texto não deverá servir para coisa alguma, absolutamente nada.

Agora, se me dão licença, vou acabar de comer o meu gelado antes que ele derreta.

16/06/09

Modern Life


Pode-se deduzir muita coisa sobre uma pessoa, só olhando para as suas mãos.
Isto é, certamente, o que dirá uma manicura.

No entanto, uma cabeleireira ou cabeleireiro, irá dizer que aquilo que faz verdadeiramente realçar a personalidade de cada um, é o cabelo: o seu corte, cor, textura.

O meu sapateiro, jura-me a pés juntos, que consegue traçar o perfil psicológico e social de uma pessoa, só por olhar para o seu calçado.

Vejo, ocasionalmente, um programa sobre moda na televisão. Os apresentadores não se cansam de salientar a extrema importância de uma boa conjugação entre a roupa, calçado, acessórios, etc. Segundo eles, essa conjugação pode ser uma questão de vida ou morte, pois será isso que irá determinar o futuro das pessoas.

Estou a pensar trocar de carro. Segundo especialistas na matéria, o carro é uma continuação da personalidade de cada um. Depois de consultar alguns sites de marcas de automóveis, chego à conclusão que os carros com “melhor personalidade” são também os mais caros… curioso.

Quando pintei as paredes interiores da minha casa, quase tive, antes, de tirar um curso sobre o “significado espiritual” de cada cor. É que segundo alguns peritos, certas cores podem ser ofensivas, dependendo da região e religião das pessoas.

A “vida moderna” está de uma tal forma, que aposto que num futuro próximo, as empresas que fabricam o papel higiénico, vão formar técnicos especializados, que nos irão ensinar a maneira próspera e vencedora de limparmos os nossos cus.