09/10/07

Cafézada 2

Entro num café, vou até ao balcão, peço um café e ouço, sem querer (claro) este diálogo entre a EMPREGADA e um TIPO BAIXINHO que já estava no balcão:


(EMPREGADA) - Ainda esta semana demos 35.000.
(TIPO BAIXINHO) - Ai sim, é alguém conhecido?
- Não podemos dizer.
- Ah.
- Estamos proibidos.
- Mas é alguém que… como se diz… merece?
- Não conheço bem a pessoa. Ela só vem cá duas vezes por semana… à sexta, para registar o Euromilhões, e à terça, como hoje. Entra aqui, cumprimenta toda a gente, e pede sempre a mesma coisa: um galão, dois pacotes de açúcar, uma torrada e um copo de água.
- Não conheço.
- Pois… mas nós não podemos dizer quem é. Estamos proibidos.

A EMPREGADA vai atender os clientes que estão nas mesas.
Entra um tipo (TIPO ALTO) no café e diz:

- Bons dias a todos!

O TIPO ALTO caminha até ao balcão e diz:

- Queria um galão, dois pacotes de açúcar e uma torrada, se faz favor.

O TIPO BAIXINHO que está no balcão aproxima-se e põe a mão no ombro do TIPO ALTO que acabou de entrar e diz-lhe:

- Fique tranquilo… eu sei do seu segredo. Você bem que disfarçou, não pedindo o copo de água, mas eu já o topei… não se aflija que eu não conto o seu segredo a ninguém.
- Você também sabe, quem lhe contou?
- Ninguém, eu é que topo estas coisas ao longe.
- Bem, não sei o que lhe diga. Mas ouça, se você sabe do meu segredo então não se importa que eu o convide para aparecer lá em casa.
- Como?!
- Então… não vai ficar tímido agora, pois não? Só lhe peço uma coisa: não conte o meu… o nosso segredo a mais ninguém, está bem?
- Acho que eu não estou a perce…
- Às dez eu já estou despachado e…

Entra um outro tipo (TIPO MAGRO) no café, ele aproxima-se do balcão e diz:

- Bom dia… queria um galão, dois pacotes de açúcar, uma torrada e um copo de água, por favor.

Nessa altura eu saí do café, curiosamente nunca mais vi o TIPO BAIXINHO.

FIM

03/10/07

Cafézada

Entro num café e vou para o balcão. Peço um café e começo a ouvir a conversa entre o empregado no balcão e um cliente sentado numa mesa, não dá para ver o cliente, apenas ouço a sua voz.

(EMPREGADO) - O teu dá os 220?
(CLIENTE) - …
- É pra veres, o meu dá. Eu nunca andei a essa velocidade mas tá lá marcado… 220!
- Eu já andei a 160, no meu.
- Naquela caixinha de fósforos?!
- Deu os 160, mas depois bloqueou…
- O teu carro a 160 deve ser como um barco. Em vez de volante precisas é de um leme pra controlar aquilo.
- Quer dizer, não bloqueou mesmo, só não deu foi mais de 160.
- O meu é uma coisa a sério, aquilo até parece que cola à estrada.
- Aposto que os gajos meteram qualquer coisa no motor… uma coisa de segurança, chegando aos 160 não dá mais…
- Eu a 180 curvo na boa… mesmo nos 200 não há problema.
- E não adianta eu acelerar mais, o Sistema Anti-160 entra logo em acção, é automático…
- E pra travar no meu?! Que maravilha, basta encostar, só encostar, um dedo do pé no pedal é pimba… fica logo estacionado e tudo.
- Ainda a semana passada levei o meu pra uma rua a descer, pra ver se aquilo dava mais de 160 e népia… nem a descer… aquilo tá bem feito, sim senhor.
- O meu a descer parece que desliza…
(EU) – Afinal qual é seu carro?
(EMPREGADO) - Ó amigo, eu não tenho carro, estou só a conversar, percebe?
- Ah… queria pagar se faz favor.

FIM