Para a grande parte das pessoas, ela está associada à escolha de actores ou cantores.
Porquê ser tão limitativo? Porque não, por exemplo, alargar a sua função para a escolha de políticos?
Vendo bem as coisas, políticos, actores e cantores fazem todos parte do mesmo ofício, o entretenimento popular.
Visualizem:
Jovem pretendente a político, entra timidamente numa sala sem janelas.
Lá dentro, é aguardado por um júri, composto por cinco políticos, mas estes não são uns políticos banais, têm de ser frios, calculistas, pretensiosos e arrogantes (estes são os predicados exigidos a um político, para conseguir escolher um outro semelhante).
O pretendente, coloca-se em frente dos juizes e aguarda.
Finalmente, é pedido ao jovem para referir qual deve de ser o papel de um político na actual sociedade.
- Ajudar os fracos e oprimidos, dar voz ao Povo, lutar por uma justiça igual para todos independente da raça, credo ou extracto social. Estar no fundo ao serviço do próximo, sem esperar nada em troca. - respondeu de forma segura, o aspirante a político.
Assim que o jovem terminou a resposta, fez-se um silêncio profundo na sala.
O jovem candidato começa a tremer de receio.
Os juizes parecem estátuas.
Subitamente, um dos juizes começa de uma forma lenta e compassada a bater palmas.
Um a um, todos os outros juizes fazem o mesmo, o ritmo das palmas cada vez aumenta mais.
O jovem começa a abrir um ligeiro sorriso nos lábios e resolve perguntar:
- Passei?
Nisto, com uma precisão para lá de matemática, todos os elementos do júri cessam de bater palmas ao mesmo tempo.
Volta o frio silêncio.
O aspirante a político, desta vez, com muito receio, volta a perguntar:
- P- Passei?
O elemento mais velho do júri, decide então falar:
- Passou, jovem amigo, passou. – um ar de alivio surge no rosto do jovem que desta vez exibe um enorme sorriso de orgulho. O jurado continua:
- Passou... passou completamente ao lado. Ajudar os fracos e oprimidos? Dar voz ao Povo? Lutar por uma justiça igual para todos? Você só pode estar a brincar connosco, ou então, enganou-se na sala, o casting para missionários é na sala ao lado. Adeus.
O jovem tenta responder, mas está visivelmente perturbado. – percebe-se.
- Mas... Mas...
- Qual mas! Ponha-se imediatamente na rua homem, e não volte sequer a tentar manchar o bom nome dos políticos. Rua, já disse.
Cabisbaixo, lentamente o jovem caminha na direcção da porta, ainda olhou uma última vez para os juizes, mas em vão.
- Rua. – disseram todos em uníssono.
Apesar deste trauma, o jovem, jurou a si mesmo que um dia ainda havia de conseguir ser político, nem que para isso fosse necessário alterar todos os seus valores morais.
Apraz-me, por fim, dizer que o jovem conseguiu realizar o seu sonho, e é hoje Primeiro-Ministro.
Sem comentários:
Enviar um comentário