25/03/10

A Cortina


Cumprindo um ritual diário,
Ele aproximou-se da janela... através da cortina, olhou para Ela.
Ela estava linda... Ela estava tão linda, ali, sentada num banco de jardim, com a luz suave do sol matinal a iluminar-lhe o rosto, o cabelo... Ela olhou para a janela... parecendo esperar um sinal.
Com a mão, Ele tocou levemente na cortina, o tecido mexeu-se, quase parecendo dançar, Ela percebeu o movimento e sorriu.
Naquele instante, Ele sentiu uma enorme vontade de arrancar, de rasgar, aquela cortina... mas não conseguiu, não teve coragem de a estragar... sabem, aquela cortina era especial, atrás dela, Ele sentia-se seguro e protegido.
Ele baixou os olhos e suspirou, Ela também.
Quem sabe amanhã...
.
(texto elaborado como resposta ao desafio: usar a palavra "cortina")

10 comentários:

Anónimo disse...

Como já nos habituaste a "Esperança" está sempre presente nos teus textos, há sempre mais para além do óbvio, depende da capacidade de conseguir "rasgar a cortina"

Consegues chegar aos desejos individuais e inconfessáveis de cada um.

Nota: Gosto de te lêr!


Bons textos e já agora que tal passar os mesmos para algo "físico"?

I.(Sorrisos)

Isa Silva disse...

A 'coragem' é uma coisa danada porque por vezes anda cá a tentar-nos, a tentar-nos... mas depois falta o primeiro passo para ela avançar ;-) Bom texto :-)

Anónimo disse...

Por que desfazer-se assim da quimera do amor!? Não sei de onde, nem como, mas você azulejou de cores a dor do dia. Afinal, os poetas servem pra isto: poemar a dor, a desesperança. E, às vezes, a alegria. Gostei. Abraço mineiro.

lilidacal disse...

Esta coisa de haver cortinas não dá com nada!!Ocultam mas não escondem.

Manuel Pintor disse...

Gostei, Ruy, desse breve retrato delicado,
que tão bem descreve a fina linha de fronteira de nós mesmos
onde se eterniza o encantamento e,
cuidando em o não perder,
se hesita qualquer movimento.
Talvez amanhã ainda perdure o suave perfume
exalado através dessa cortina imaginada,
talvez apenas a luz a rasgue e, quiçá,
a vontade já não vacile,
a mão enlace a mão
e se faça dança....
talvez!

Keyla Galvão disse...

Que lindo querido!
Eu fiquei à pensar em tuas palavras.
Muitas vezes o que há de mais belo está ali diante de nossos olhos e precisamos apenas nos desvencilhar de nossas cortinas, dos nossos medos e comodismo...
Mas ele foi realista se pensarmos pelo lado da vida não ser um conto de fadas, embora quiséssemos tanto que assim fosse...

Lindo, emocionante...
Beijos

Jééh disse...

como sempre um belo texto que você escreve ^^
...Consegues transmitir as mais belas emoções, obrigada por esse belo presente.

Unknown disse...

Gostei muito ... aliás, gosto sempre dos teus textos.
Este retrata bastante bem "o" passo que por vezes é tão difícil dar e que faria toda a diferença ...
Parabéns Ruy !!

AD disse...

Rasgar a cortina... o acto que poderá representar toda a diferença ou mergulhar-nos na eterna questão... "...e se...?"

Anónimo disse...

( :) )