16/07/09

Eu na TV


Depois de assistir a mais um “5 para a meia-noite”, na RTP2, apresentado às sextas, pelo Luís Filipe Borges, fui-me deitar. Durante o sono, sonhei que eu próprio estava a ser entrevistado pelo Luís.
O sonho, digo, entrevista, começou assim:

- O convidado desta noite, é um homem, que digamos, não é muito conhecido… eu diria, que o convidado desta noite, é um homem muito pouco conhecido… vamos ser francos, ninguém conhece o convidado desta noite… é um risco, eu sei, mas assinar um contrato com o Benfica também o é, e não foi isso que impediu Jesus de o fazer.
Por falar em Jesus, espero que Ele, não me falhe agora, porque está, agora sim, na hora de chamar o convidado desta noite… senhoras e senhores, apresento-vos, Jack, The Scripter.

(Eu entro triunfalmente, com classe, categoria, com a calma das estrelas. Público arregala os olhos de admiração, contemplação. Aceno para a plateia, tal como os príncipes acenam ao povo, com uma mistura de desprezo e gratidão. Sento-me graciosamente.)

- Obrigado, Jack, por aceitares o meu convite, para estar aqui, esta noite. A propósito, devo chamar-te Jack, ou…
- Espera.
- Sim… Jack?!

(Provoco uma pausa, vejo nos olhos do Luís Filipe Borges o medo… prolongo a pausa. Depois prossigo.)

- Antes de mais nada, quero dizer, que é um verdadeiro prazer estar aqui contigo, esta noite.
- Bom… obrigado, Jack.
- Sou um admirador confesso do teu trabalho, há já muito tempo. Para te ser franco, eu pensava que tu estavas em pior forma física.
- Obrigado, não sei se isso é um elogio, mas obrigado, Jack. Já agora, porque é que pensavas isso?
- Basicamente, eu pensava que tu já estavas morto.
- Desculpa?!

(A plateia agita-se, sinto isso na minha pele, mantenho a tranquilidade de um aristocrata e continuo…)

- Sim, morto. Aquele filme que tu fizeste, como é que se chama… o Pátio das Cantigas. Isso já foi, sei lá, há alguns 50 anos, não?
- O Pátio das Cantigas? Mas eu nem sequer era ainda nasc…
- Páh, ouve, o que eu me rio sempre naquela cena em que tu ficas à porta da loja e dizes: “Ó Evaristo, tens cá disto?”. Hilariante.
- Jack, meu… ouve, tu estás a confundir-me com o Vasco Santana, o grande Vasco Santana, ele é que já morreu.
- A sério? Isso explica muita coisa…
- Jack, vamos agora falar sobre ti, pode ser?
- Tens a certeza que não és o Vasco Santana? É que és mesmo parec…
- Não, eu não sou o Vasco Santana, ok?

(Aquele “ok” soou-me a “ou paras com isso, ou levas na cara”. Passei a mão pelo meu queixo e fiz o gesto de olá, para uma miúda gira que estava na plateia, isso acalmou o ambiente. O Luís Filipe Borges, continuou a entrevista.)

- Jack, sobre ti, apenas sei que gostas de escrever, tens até um blogue, o “doadordehistorias.blogspot.com”, onde publicas o que vais escrevendo, sei também que usas o Twitter, aliás, foi no Twitter que te conheci. A minha pergunta é, como é que começaste a escrever?
- Assim…

(Faço com a mão o gesto de quem está a escrever. Metade da plateia não percebe a subtileza da minha resposta, mas eu não me importo, a miúda gira sorriu-me.)

- Vamos lá, Jack, o que eu queria saber é, com que idade é que começaste a escrever?
- Com 4 anos e 7 meses.
- A sério? Isso é muito prematuro.
- É, eu sei. Posso até dizer-te que a primeira coisa que escrevi, foi um poema dedicado à minha mãe.
- Com 4 anos, escreveste um poema?!
- Não! Eu tinha 4 anos e 7 meses, quando escrevi um poema.
- Ah, os 7 meses, eles fazem toda a diferença, muito bem. Lembras-te de alguma passagem?
- Só do começo…
- Ok, pode ser, força nisso.
- Bom, o começo do poema, era qualquer coisa assim… “MITXUPLOFARTE TRAUKLMQWERT”. Luís, eu tinha 4 anos e 7 meses, estavas à espera de quê, Shakespeare?

(Faço o meu melhor sorriso e levanto-me para agradecer os aplausos… estranhamente, ninguém aplaude. Já que eu estou de pé, aproveito, para me sentar novamente. Ninguém percebe o meu leve embaraço.)

- Jack, sei que já trabalhaste numa revista feminina, como é que isso aconteceu?
- Eu tinha acabado o 9ºano… tinha 27 anos, e achei que estava na altura de começar a ganhar algum dinheiro…
- Tu terminaste o 9ºano, com 27 anos?!
- Não, Luís. O que eu disse foi: tinha acabado o 9ºano, pausa, com 27 anos, achei que estava na altura de começar a ganhar algum dinheiro.
- Ah, bom… por momentos eu pensei que…
- Que eu tinha feito o 9ºano com 27 anos? Não! Eu… eu tinha 25.

(O Luís Filipe Borges, tosse de espanto. Olho para a plateia, à procura da miúda gira, ela desvia o olhar, fico nervoso. Será que eu deveria ter dito a verdade? Que nem sequer o 9ºano terminei? Enfim… respiro fundo e prossigo…)

- Achei que trabalhar numa revista feminina era o ideal para mim.
- E o que é que tu fazias, exactamente, nessa revista, Jack?
- Eu era o responsável por escrever as cartas das leitoras.
- Não quererás dizer, escrever cartas, para, as leitoras?
- Que cartas? Quando cheguei lá, disseram-me para tratar da correspondência, o problema é que ninguém escrevia nada para aquela revista, então eu, com medo de perder o emprego, comecei a inventar cartas, supostamente enviadas pelas leitoras.
- A sério?! Que tipo de coisas inventavas?
- Basicamente, coisas, sobre dúvidas sexuais.

(A plateia, cheia de adolescentes com hormonas aos saltos, agita-se.)

- Já agora, podes dar-nos um exemplo?
- Claro. Ouve, a outra parte divertida desse emprego, era que eu também inventava o nome das leitoras. Esta dúvida, que te vou contar, por acaso, foi “enviada” por um leitor, um tal Renato Pompeu de Mem Martins… era assim: “… introduzi, sem querer, um dedo no meu ânus, sou um homem, isso faz de mim homossexual?”. Eram coisas deste género que eu escrevia.
- Uau… e era tudo inventado?
- Bem, Luís, quase tudo. Para te ser sincero, eu realmente tinha enfiado um dedo pelo meu cu acima, e queria saber se isso fazia de mim, gay… o problema é que como também era eu que respondia, essa dúvida mantém-se até hoje.

(Triunfalmente, tal como um toureiro após a lide de um touro indefeso, olho para a plateia, todos se riem. Ao procurar a miúda gira, reparo que o estupor de um miúdo acaba de me piscar o olho.)

- Continuando, Jack… quanto tempo durou a tua experiência de escrever, nessa revista?
- Aproximadamente… 1 ano… 1 mês e 1 semana.
- E depois disso, o que fizeste?
- Bem, Luís… quando saí da “Amigas Dupeito”, era assim que se chamava a revista, passei por um período negro da minha vida… sinceramente, hoje, posso dizer-te, que fiz coisas que me arrependo… e muito.
- Podes falar sobre isso, Jack? Envolveste-te com drogas duras, foi?
- Pior, muito pior. Aceitei trabalhar para um político. Eu… eu escrevia os discursos dele.

(Ouço em uníssono um som vindo da plateia, que classifico como admiração, desprezo e repulsa. A miúda gira recusa-se a olhar para mim… até o rapazinho gay desvia o olhar. Resolvo falar directamente para a plateia.)

- Pessoal, eu sei que isso é errado, que os nossos pais nos ensinam, e avisam, que não nos devemos envolver com políticos, mas entendam… eu, eu precisava de dinheiro comprar um telemóvel novo.
- Se era só para comprar um telemóvel novo, Jack, nós entendemos.
- Obrigado, Luís.
- Já agora, tenho de perguntar-te isto, quem era esse político, podes dizer-nos?
- Sabes, Luís, eu não queria revelar a identidade dessa pessoa, tenho medo de represálias… mas posso adiantar-te que o primeiro nome dele, é o mesmo de um dos Apóstolos, o segundo nome é parecido com “Santa e Ana”, e o terceiro nome assemelha-se à palavra “lápis”… mas prefiro não revelar nada em concreto.
- Muito bem, vou respeitar isso.
- Escrever tantas mentiras e falsas promessas, mexe com uma pessoa por dentro, só aguentei 6 meses, depois pedi a demissão.
- E agora, estás a fazer alguma coisa?
- Sim, sim… estou a escrever um livro sobre o Cristiano Ronaldo.
- Sobre a vida dele, desde os tempos da Madeira, o seu percurso como futebolista?
- Não. Nada disso. Estou a escrever um livro sobre as namoradas dele. Estou a adorar entrevistá-las. Gostei particularmente de conhecer a espanhola, ela é uma mulher com uma grande… digamos, bagagem cultural.
- Pois prepara-te, Jack, porque nós temos uma surpresa para ti… senhoras e senhores, vinda directamente de um bar de strip espanhol, recebam com uma grande salva de palmas… Nereida Gallardo!

(Olho para o meu lado esquerdo e vejo aquele mulherão a aproximar-se de mim, não resisto, levanto-me e agarro-me a ela como se não houvesse amanhã. O Luís Filipe Borges, ainda tenta separar-me dela, mas é incapaz. Eu agarro-me à Nereida com tanta força que ela explode… acordo, vejo penas espalhadas por cima da minha cama, rebentei a almofada… outra vez.)

06/07/09

Homens/Mulheres

Como todos sabem, existem muitas semelhanças entre homens e mulheres.
A paciência não é uma delas.
Está provado que as mulheres são, pelo menos, 75.56%, mais pacientes que o homens.

Isso faz todo o sentido, se tivermos em mente que as mulheres grávidas carregam no interior do seu corpo, um outro ser vivo, durante 9 meses.
Se os homens engravidassem (para além de serem convidados para a Oprah), cálculo que o tempo de gestação fosse drasticamente reduzido para uns 15 dias… no máximo.
Ser impaciente, faz parte da natureza dos homens, tal como dizer “boa noite, eu sou a Manuela Moura Guedes”, faz parte da natureza dessa senhora.

Exemplo prático: no supermercado, na sempre dolorosa hora de pagar – as mulheres têm a santa paciência de estar ali, paradas, a contar cada moedinha de cêntimos que encontram nas carteiras. Eu soube de um caso, onde uma senhora pagou uma conta de 15 euros, com moedas de 1 cêntimo.

Para a mesma situação – os homens, pagam com cartão de crédito (apesar de terem os porta-moedas carregados de moedas), ou então, para pagar uma conta de 15 euros, dão uma nota de 20 e nem sequer esperam pelo troco, saem dali o mais rápido possível e vão a correr ver o inicio do jogo de futebol.

O que vou escrever a seguir pode ser considerado polémico, mas a verdade é que a maioria dos homens só aceita casar porque já não aguentam mais ouvir, as suas namoradas a repetirem vezes sem conta, coisas como: “Amor, tu gostas de mim? Amorzinho, diz lá que gostas de mim. Gostas de mim, não gostas, mor? Mor, vá lá, diz que gostas de mim…”. Os homens, incapazes de pensar direito, não encontram outra alternativa que não seja dizer: “Porra! Eu gosto de ti… caraças, eu gosto mesmo muito de ti, vamos casar para a semana, está bem assim?! Agora, por favor, fecha essa matraca e deixa-me ver a segunda parte do jogo, tá?”.


Nas compras – uma mulher quando vai às compras, tem a divina paciência de vestir e despir, dezenas de modelos, experimentar números acima e abaixo (principalmente os números abaixo) do mesmo modelo. E no fim, quase sempre, não compram nada.
Para a mesma situação – os homens, entram na loja, pegam num par de calças, que por aproximação lhes parece servir, nem sequer experimentam a roupa, pagam com cartão de crédito, e saem rapidamente da loja para irem assistir ao prolongamento do jogo de futebol.


No sexo.
No sexo, a diferença dos níveis de paciência, entre homens e mulheres, é ainda mais evidente… mas para escrever sobre isso, vou ter de esperar até que esta senhora decida que já lhe chega. Estou, vai para 5 minutos, à espera que chegue a minha vez… será que ainda vou a tempo de ver os penalties?