Rui, sentado na última cadeira, da última fila, fecha, por momentos, os olhos e parece meditar.
A imaginação do rapaz leva-o para longe, muito longe, daquela sala de aulas, daquela escola.
Ele sonha e tenta adivinhar a sensação que deve ser voar, a sensação de ver tudo lá de cima, sentado no topo de uma nuvem… não, o topo de uma nuvem não é suficientemente alto, ele experimenta ir mais além, explorar novos planetas, por que não? Afinal de contas já que se está a fantasiar é melhor fazê-lo em grande.
Rui vê um planeta, quer dizer, aquilo deve de ser um planeta, apesar da sua forma se parecer com um dado.
O jovem aterra sem problemas.
Mas, o que é aquilo ali ao fundo? Parece ser, sim, é mesmo, é uma pessoa, e humana, ainda por cima.
Quem diria que um planeta parecido com um dado já era habitado, o rapaz aproxima-se da pessoa.
É uma rapariga, mais ou menos da idade dele. Rui, tal como um parvo, fica a olhar para ela.
Subitamente ele sente uma espécie de abanão, é a Professora lá no planeta Terra a tentar arrastar o rapaz para a realidade.
Rui só tem tempo para, à medida que flutua de volta à Terra, acenar e sorrir para a rapariga.
Ele está de volta à sala de aulas, sim, todos os seus colegas riem-se dele por ter adormecido na aula de Matemática, mas quem o pode censurar? (Eu sei que eu não posso).
A aula acaba, finalmente.
No corredor, no meio da confusão, Rui dá um encontrão numa pessoa, é uma rapariga, e ela é muito parecida com a rapariga do planeta em forma de dado.
Não, não pode ser, pensa ele.
Os dois seguem caminhos opostos, Rui ainda pára para se voltar para trás, mas depois, conformado, segue o seu caminho.
A rapariga, que por acaso se chama Inês, pára de andar e volta-se para trás, o Rui já vai longe, ela encolhe os ombros, dá um suspiro e retoma o seu caminho.
FIM
Sem comentários:
Enviar um comentário